domingo, 27 de agosto de 2017

SESSÃO SÁBADÃO - #71ª EDIÇÃO

Mais um dia mundial do descanso na área e o "Eu e o Cinema" está aqui novamente para lhes presentear com mais uma análise da minha, da sua, da nossa Sessão Sábadão. Na edição de hoje, vamos de filme nacional: "Bingo: O Rei das Manhãs" é o escolhido da vez. Sendo assim, vamos logo ao que interessa...


Bingo: O Rei das Manhãs - 2017

Elenco: Vladimir Brichta, Leandra Leal, Cauã Martins, Ana Lúcia Torres, Augusto Madeira, Soren Hellerup, Tainá Müller, Emanuelle Araújo e Pedro Bial.


SOBRE O FILME:
Primeiro longa dirigido por Daniel Rezende (conhecido pelo seu trabalho de edição em "Cidade de Deus" que lhe rendeu um prêmio BAFTA e uma indicação ao Oscar), "Bingo: O Rei das Manhãs" é inspirado em Arlindo Barreto, um dos principais intérpretes do palhaço Bozo que fez muito sucesso na década de 80 na SBT.
Augusto Mendes, interpretado por Vladimir Brichta, é um ator de pornochanchadas que acaba se tornando o intérprete do palhaço Bingo. Com muita inspiração, improvisação e whiskey, o seu programa acaba alcançando sucesso nacional desbancando grandes potências da TV brasileira. Com a ascensão, vem também a frustração de não ser reconhecido pois sua identidade deve se manter em sigilo contratual. Esse fato acaba desencadeando experiências com drogas, alcoolismo e um comportamento relapso no relacionamento com seu filho.

PRÓS: Já assisti muitos filmes que fizeram um ótimo trabalho de construção de época e conseguiram me inserir para dentro do seu cenário, mas poucos fizeram isso tão bem quanto a este aqui. A maquiagem, o figurino, a trilhas sonora que contém clássicos como "Humanos" da banda Tokyo e "Serão Extra" de Dr. Silvana e CIA, e a construção de mundo transformam "Bingo: O Rei das Manhãs" em um mergulho aos anos 80, trazendo nostalgia e familiaridade pra quem viveu aquela época e servindo como uma espécie de máquina do tempo para aqueles que nasceram tempos depois.(2)
Como se sabe, Daniel Rezende tem uma vasta carreira como editor de cinema. No seu primeiro longa como diretor ele consegue unir o útil ao agradável juntando talento e objetividade, pois o seu ótimo trabalho de edição acaba acrescentando dinâmica e personalidade a sua direção.(1)
No quesito atuação, o elenco principal faz um ótimo trabalho. Tainá Müller, Augusto Madeira, Ana Lúcia Torre, Cauã Martins e Leandra Leal conseguem brilhar quando solicitados e conseguem passar a essência exata de seus respectivos personagens (principalmente no caso de Leandra Leal). Mas o filme é todo de Vladimir Brichta! O ator parece ter nascido para encarnar este papel e consegue dar peso interpretativo a todas as camadas de seu Bingo. A sua atuação é recheada de humor, sarcasmo, ternura mais ao mesmo tempo tem tensão, inescrupulosidade, frustração e insanidade. Todas as sensações em uma dosagem mais que correta.(2)
Há quem diga que a estrutura narrativa do filme seja um tanto quanto episódica. Eu não descordo dessa colocação mas pelo menos sua estrutura é feita de maneira muito natural e crível. Todos os fatos de seu personagem principal é bem explorado (com exceção de seu ato conclusivo, mas falaremos disso mais tarde) e mantém uma linha muito coerente entre a ascensão, sucesso, declínio e redenção do mesmo.(1)