quinta-feira, 30 de junho de 2022

COLETÂNEA: MILTON GONÇALVES

Um dos baluartes da televisão, do teatro e do cinema nacional, Milton Gonçalves é um ícone incontestável de nossa cultura que faleceu há exatamente um mês. Como forma singela de homenagear esse monstro sagrado do nosso cinema (e internacional também), a "COLETÂNEA" desse mês no blog "Eu e o Cinema" não poderia ser de outra pessoa. 
Nossas honras á Milton Gonçalves.



PRIMEIROS TRABALHOS 

Cinco Vezes Favela (1962)


Elenco: Flávio Migliaccio, Waldir Onofre, Francisco de Assis, Milton Gonçalves, Cláudio Correia e Castro, Abdias do Nascimento e Cecil Thiré.
Em 1962 Milton Gonçalves estava no início de sua carreira na TV e nos cinemas mas já era visto como um nome promissor no teatro. Mesmo não sendo seu primeiro filme, "Cinco Vezes Favela" foi aquele que chamou mais atenção pois foi um dos percussores do chamado "Cinema Novo", um dos movimentos cinematográficos mais importantes da história brasileiro. O longa tem uma trama que foge da estrutura linear já que junta um compilado de cinco histórias dirigidas por cineastas diferentes que tem a favela como pano de fundo. Milton participa do terceiro episódio chamado "Couro de Gato" que conta a saga de um grupo de meninos que descem o morro para roubarem gatos e vende-los para fabricante de tamborins que utilizam a pele do animal. Vale assistir!

O GRANDE BOOM!

Macunaíma (1969)


Elenco: Grande Otelo, Paulo José, Dina Sfat, Milton Gonçalves, Jardel Filho, Rodolfo Arena, Maria do Rosário Nascimento e Silva, Joana Fomm e Hugo Carvana.
Entre 1962 e 1968, a carreira de Milton Gonçalves foi se solidificando e seu rosto foi se tornando cada vez mais frequente seja no teatro, na TV e no cinema. Neste período ele chegou a figurar em nove longa metragens. Mas foi em 1969 que ele teve o seu ano mais movimentado estando presente em sete filmes. Entre eles, aquele que é considerado uma das obras mais importantes do nosso cinema e o décimo melhor da nossa história segundo a ABRACCINE: "Macunaíma".
Sucesso de público e crítica, a comédia irônica faz um paralelo com o Brasil daquela época trazendo mensagens que são relevantes até os dias atuais.
Nessa epopeia, Milton Gonçalves dá vida a Jiguê, um dos irmãos do protagonista.

O OUSADO

A Rainha Diaba (1974)


Elenco: Milton Gonçalves, Odete Lara, Nelson Xavier, Stepan Nercessian, Yara Cortez e Wilson Grey.
Chegou os anos 70 e com ele o fim do movimento "Cinema Novo". Porém, algumas obras daquele período ainda sofriam bastante influência desse método que acabara de terminar. Uma dessas obras foi o ousadíssimo "A Rainha Diaba" de 1974. Polêmico, histérico, exagerado e elaborado, o longa toca em temas que são tabu até os dias de hoje e os explora de forma histriônica mas verdadeira.
No filme, Milton dá vida a Rainha Diaba, um mega traficante homossexual que manda e desmanda na favela e está preparado para enfrentar qualquer um que ultrapasse seu caminho.
Devido sua intensidade dramática e visual, a obra chamou atenção da crítica especializada e merece ser visto por todo aquele que se diz amante do cinema, principalmente o nacional.

O DIVERTIDO

Ladrões de Cinema (1977)


Elenco: Milton Gonçalves, Grande Otelo, Ruth de Souza, Lutero Luiz, Wilson Grey, Antônio Pitanga, Rodolfo Arena e Léa Garcia.
Ainda na década de 70, Milton Gonçalves protagonizaria aquele que talvez fosse a comédia mais divertida de sua filmografia. "Ladrões de Cinema" é uma obra que compensa seus recursos modestos (e bota modesto nisso) com muita química e entrega em cena. Na trama, Milton mais uma vez no papel principal da vida a Luquinha, o líder de um grupo de ladrões cariocas que roubam os equipamentos cinematográficos de uma equipe norte americana e decidem filmar seu próprio filme.
Sagaz e engraçado sem deixar de lado críticas sociais pontuais, "Ladrões de Cinema" merecia maior destaque pois trata-se de um tesouro do cinema nacional.

THE BIG HIT!

Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia (1977)


Elenco: Reginaldo Faria, Ana Maria Magalhães, Milton Gonçalves, Grande Otelo, Paulo César Peréio, Ivan Cândido, Lady Francisco e Stepan Nercessian.
Ainda no ano de 1977 mas não como protagonista, Milton voltaria a figurar no elenco daquele que é um dos longas mais importantes do cinema brasileiro: o cultuado "Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia".
Baseado em uma história real, essa obra trazia na direção um novato Héctor Babenco que já demonstrava um talento absurdo como cineasta.
Nessa trama ovacionada por crítica e público (bateu mais de cinco milhões de espectadores na época), Milton fez uma breve participação no papel de 132, um dos transeuntes que cruzam a saga do protagonista. 

O MAIS RELEVANTE

Eles Não Usam Black-tie (1981)


Elenco: Gianfrancesco Guarnieri, Fernanda Montenegro, Carlos Alberto Riccelli, Bete Mendes, Milton Gonçalves, Fernando Ramos da Silva, Francisco Milani e Flávio Guarnieri.
Nos últimos anos da ditadura militar no Brasil, chegou ao cinema uma das obras mais corajosas e relevantes da história do nosso cinema: "Eles Não Usam Black-tie" de 1981.
A trama que tem como epicentro uma família de grevistas que acaba entrando em um processo de implosão depois que um dos filhos decide não participar mais do movimento, toca em temas extremamente sensíveis para aquela época e indispensável para os dias de hoje.
Protagonizado por Fernanda Montenegro e Gianfrancesco Guarnieri, Milton Gonçalves também faz um bom registro na pele de Bráulio, um dos ativistas contra a ditadura.

O ÚLTIMO GRANDE TRABALHO

Carandiru (2003)


Elenco: Luiz Carlos Vasconcelos, Rodrigo Santoro, Milton Gonçalves, Wagner Moura, Lázaro Ramos, Caio Blat, Aílton Graça, Milhem Cortaz, Gero Camilo, Maria Luisa Mendonça e Rita Cadillac.
Presente em diversos projetos nacionais e até mesmo internacionais entre as décadas de 80 e 90, o último grande filme da cinematografia de Milton Gonçalves talvez seja "Carandiru" de 2003.
Nonagésimo quinta melhor obra da história do cinema brasileiro segundo a ABRACCINE, esse longa dirigido por Hector Babenco chamou atenção do público e da crítica especializada por trazer uma história densa e realista sendo considerada por muitos um dos embriões que influenciam a maneira atual de se fazer cinema no Brasil.
Nessa trama que foca na vida de variados detentos que residem naquela que foi a maior cadeia de segurança máxima do país, Milton Gonçalves da vida a Chico. 


Coletânea Milton Gonçalves devidamente listada em mais uma homenagem do blog. Menciono honrosamente outros bons filmes do ator como "O Grande Sertão" de 1965, o aclamado "O Beijo da Mulher Aranha" de 1985, o internacional "Luar Sobre Parador" de 1988, o intrigante "O Homem Nu" de 1997, o tenso "O Que É Isso, Companheiro" também de 1997 e o divertido "Quincas Berro D'Água" de 2010.
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