segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

EU E MINHA OPINIÃO - "CENA DA MANTEIGA"

Já há algum tempo eu estava pensando em estrear um novo quadro aqui no blog aonde poderia emitir minhas opiniões e pensamentos em relação a acontecimentos e fatos que envolvem o cinema e seus aspectos. Com um assunto antigo que acabou ganhando força recentemente, senti que a hora de publicar esse novo quadro seria agora. Tomara que gostem e deixe seu feedback através dos likes e comentários!

Bertolucci, Brando e Monica nos bastidores de "Último Tango em Paris"


Há alguns dias uma velha polêmica voltou a ganhar força, mas dessa vez com proporções bem maiores do que anteriormente. A controversa "cena da manteiga", sequencia que traz sexo anal, estupro e violação, protagonizado por Marlon Brandon e Maria Schneider, no clássico filme "Último Tango em Paris" de 1972, voltou a ser questionada pelo público, pela mídia e até pela própria Hollywood.
Brando e Schneider
Em uma entrevista dada em 2007 para o jornal britânico Telegraph, a atriz francesa declarou que se sentiu humilhada fisicamente e psicologicamente enquanto foi forçada a gravar uma cena que não estava no script. É claro que as declarações geraram um certo furdunço mas não receberam a devida importância na época. O assunto acabou ganhando força novamente quando uma entrevista do cineasta Bernardo Bertolucci, diretor do filme, foi resgatada na internet aonde o mesmo dizia que a cena foi feita sem consentimento de Maria Schneider, para que a humilhação e a raiva que a personagem deveria sentir fosse feito de forma genuína (click aqui para ver a entrevista). Após essas afirmações, o caso começou a ganhar notoriedade merecida recebendo criticas até de estrelas hollywoodianas, como Chris Evans e Jessica Chastain. Tudo isso acabou obrigando o diretor a se retratar dizendo que na realidade, a atriz sabia da cena mas não sabia da inclusão da manteiga na sequência.
Para começar a discorrer sobre minha opinião, é válido dizer que não sou contra nenhum tipo de cena em filmes ou qualquer outro tipo de arte. Independente se ela contém violência, nudez, assassinato, ou até mesmo estupro, o que vale é que ela seja bem feita e venha somar na narrativa de uma produção cinematográfica. Mas antes disso tudo, o que vale mais é a integridade dos atores envolvidos na cena. Tanto a física, quanto a psicológica devem se manter intacta. Afinal, um tipo de sequência como essa exige muito do artista em todos os níveis e aspectos. E parece que isso não foi respeitado neste caso em especial.
Maria Schneider faleceu em 2011
Independentemente se estamos falando da cena em si, ou apenas da inclusão da manteiga, o ser humano está acima da arte e nada vale colocar em risco as suas condições físicas e mentais para se obter um resultado satisfatório. Maria Schneider deveria saber como sua cena iria funcionar detalhadamente e mesmo que ela não tenha sido estuprada literalmente por Marlon Brando, o nível de humilhação e outros sentimentos da atriz se equipararam com a realidade. Por mais que eu ache exagerado cravar que esses acontecimentos do filme acabaram desencadeando uma porção de coisas ruins na vida da atriz, já que ela foi viciada em drogas como heroína e cocaína por grande parte de sua vida, os fatos não me tornam ingênuo (ou burro) de dizer que estes acontecimentos não tiveram alguma ligação.
Esse assunto acabou ressuscitando outros casos de abusos que diretores cometeram com atores do seu elenco. Como por exemplo, o assédio sexual que a atriz Tippi Hedren sofreu do cineasta Alfred Hitchcock durante as gravações do filme "Os Pássaros" de 1963, ou até mesmo o assédio moral que a veterana atriz Lily Tomlin sofreu do diretor David O. Russell nos bastidores de "Huckabees - A Vida é Uma Comédia" de 2004.
Se existe um lado bom nisso tudo, é que mesmo tardiamente (mais de 40 anos), isso começou a ser discutido e questionado. Qual o limite? A arte vale mais que o respeito? É válido usar qualquer tipo de recurso e artifício para se ter um bom filme?
Devo confessar que eu nunca assisti "Último Tango em Paris", mas ele constava na minha lista junto com outros clássicos que eu ainda não vi como "Justiça Para Todos" de 1979 e "Jackie Brown" de 1997. Mas depois de toda essa repercussão negativa, mesmo que não signifique nada para ninguém, me sinto na obrigação e respeito por Maria Schneider de me abdicar do filme como uma forma medíocre de protesto.
No fim disso tudo só me resta a pena de ver a carreira de um talentoso ator como Marlon Brando manchada com esse caso vexatório, uma indignação profunda pela pessoa de Bertolucci, e para a falecida atriz (morta em 2011) faço das minhas palavras a mesma de Lena Dunham, e apenas sinto muito que a arte tenha se tornado dor ao invés de libertação.

Brando em cena com Maria Schneider: A fatídica "cena da manteiga".



É isso aí galera! Opinião postada sem ficar em cima do muro... Concorda comigo? Não? Curta, comente para que possamos trocar uma ideia e eu sentir o feedback de vocês, compartilhe com os seus amigos, afinal... amamos ou não amamos o cinema?!




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