domingo, 7 de novembro de 2021

CRÍTICA DA SEMANA - #152ª EDIÇÃO

E com mais uma semana que passou voando estamos aqui em mais um domingo para postar a nova edição da "Crítica Semana". E em um país que transformou política em rixa de futebol o longa de hoje é um prato cheio para acirrar essa disputa e trazer para o blog uma pecha injusta e desnecessária dependendo do resultado da minha análise. Mas como não estamos nessa vida para ter medo de nada, arregaçamos as mangas e falaremos sobre o polêmico e politizado "Marighella". Então deixe suas ideologias de lado (se possível), prepare sua melhor cadeira e vamos para mais essa análise...


MARIGHELLA - 2021

Elenco: Seu Jorge, Humberto Carrão, Bruno Gagliasso, Bella Camero, Jorge Paz, Luis Carlos Vasconcelos, Henrique Vieira, Herson Capri, Adriana Esteves e Charles Paraventi.


SOBRE O FILME:
Adaptado do livro biográfico "Marighella - O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo", o filme acompanha a vida do ativista Carlos Marighella que lidera um grupo disposto a entrar numa luta armada contra o regime ditatorial instalado no Brasil pelos militares na década de 60.
Essa é a primeira obra dirigida pelo ator Wagner Moura e seria originalmente lançada nos cinemas em 2019, porém devido problemas com a Ancine e a pandemia da Covid 19 que assolou o mundo o longa teve seu lançamento adiado para o dia 4 de Novembro de 2021, mesma data da morte do guerrilheiro comunista.

PRÓS:
Se como ator Wagner Moura é sem dúvidas um dos mais talentosos da sua geração, como cineasta ele se mostrou bastante promissor principalmente no controle dos quesitos técnicos. Executados de forma muito competente, a produção conta com um belo trabalho de cinematografia, o bom uso de recursos como a câmera na mão e enquadramentos clínicos, uma trilha sonora pontual e uma ótima construção de época que ajuda a transportar o espectador para o período que a trama se passa.(1,5)
Passando para o roteiro, um dos acertos mais importantes que possa ser salientado aqui é a maneira que ele retrata seu protagonista e as suas escolhas. O longa não chega ser imparcial mas pelo menos não endeusa a figura de Marighella como um homem provido apenas de sentimentos bons. A história apresenta bons contrapontos principalmente nas subtramas que envolvem familiares de pessoas lideradas por ele e decisões extremas que são questionadas pela própria trama. Isso possibilita uma construção de personagem mais humana e racional.(0,5)
A estrutura narrativa de "Marighella" não é perfeita mas evolui em um ritmo muito bom e engajante. A maneira que a história se desenvolve sustenta a atenção do espectador e o faz aguentar os quase cento e cinquenta minutos sem cair no enfadonho.(1,5)
No quesito interpretativo apenas três nomes se destacam em meio de um elenco razoável e pontual. Seu Jorge segura a onda na pele do protagonista entregando muita presença e empenho, Humberto Carrão é o coadjuvante mais notório e protagoniza uma das melhores cenas do longa e Bruno Gagliasso tem uma performance que alia cometimento e intensidade mesmo tendo um personagem unidimensional em mãos.(1)

CONTRAS:
Se para não cair na besteira de endeusar seu protagonista o longa apresentou contrapontos plausíveis e racionais, o mesmo não acontece quando o roteiro aborda o teor político da trama. Maniqueísta, dolorosamente óbvio e sem nenhum tipo de sutileza, a história escorrega na tentativa de proteger sua ideologia e acaba comprometendo a adesão da mensagem que deseja passar. Nada contra a filmes que possuem uma ideologia, mas quando o faz de maneira grosseira e sem camadas (principalmente em uma cinebiografia) ele acaba se tornando panfletário e sem compromisso com os fatos relatados.(-2)
A falta de sutileza também se estende a maioria dos diálogos da produção que são executados de forma mecânica, expositiva e por vezes descontextualizada (a conversa sobre Jesus negro, mesmo que eu concorde com o seu teor, está na trama sem propósito algum).(-1)


DIAGNÓSTICO DO FILME:
Mesmo tendo bons momentos, atuações inspiradas e uma direção bem controlada por Wagner Moura, "Marighella" peca em abrir mão de alguns fatos importantes para proteger sua ideologia de maneira óbvia e pouco sútil. Mesmo assim, o polêmico filme merece ser contemplado até por aqueles que descordam politicamente principalmente em tempos onde a democracia parece tão fragilizada no Brasil. Somando tudo isso, o veredito do "Eu e o Cinema" para o filme fica assim:

 



E você?! Já assistiu esse filme??? Quer assistir??? Comente esse post e se torne um amigo que assim como eu, simplesmente ama o cinema!!!

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